Porquê uma educação bilingue para os alunos surdos?

As crianças e jovens com surdez profunda ou severa que deveriam
ter a possibilidade de ter condições para o desenvolvimento da língua gestual
como primeira língua e o acesso à educação nessa sua língua primeira, como
acontece com qualquer outra criança portuguesa, não tinham a oferta de um
modelo de ensino bilingue de qualidade, por falta de uma comunidade linguística
de referência promotora do desenvolvimento da língua gestual portuguesa, pela
natureza da formação dos docentes especializados, mais capacitados para o
ensino oralista, pela falta de docentes e técnicos com formação em língua
gestual portuguesa.
Na nova legislação, DL nº 3/2008, o modelo bilingue para a
educação de alunos surdos em escolas de referência destrinça claramente, de
outras opções educativas, a opção por uma modelo específico de educação de
alunos surdos em que a língua primeira é uma língua oficial portuguesa
minoritária: a língua da comunidade surda portuguesa.
Na modalidade específica de educação expressa no artigo 23º do
Decreto-Lei nº 3/2008, todo o ensino e as aprendizagens se desenvolvem em
língua gestual portuguesa existindo um programa curricular desta língua
primeira (LGP). O português (LP) é aprendido e ensinado como língua segunda e
as turmas de alunos surdos são reconhecidas, na sua essência, pela igualdade de
oportunidades dada aos alunos no acesso ao ensino e às aprendizagens na sua
língua primeira e com os seus pares surdos. Nessas escolas verifica-se uma
concentração de turmas de alunos surdos, de docentes surdos e de docentes e
técnicos com competências em língua gestual portuguesa promotoras da criação de
uma comunidade linguística de referência. A língua portuguesa será ensinada e
aprendida como segunda língua, na sua forma escrita e, eventualmente, falada.
A língua gestual portuguesa foi criada e desenvolvida pela
comunidade surda portuguesa, essencialmente com os surdos que se concentravam
em instituições e com as associações de surdos, não se tendo desenvolvido de
forma isolada. Como qualquer língua, a LGP cresce e desenvolve-se numa
comunidade linguística alargada.
Fonte:
www.dgdic.min-edu.pt
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